segunda-feira, 10 de outubro de 2011

As "Vilas de Câncer"

O surgimento de vilas de câncer está ligado à poluição de rios, as artérias da economia nacional da China. Foto: Fernanda Morena/Especial para Terra
Nenhuma nação na história levou sua economia ao topo sem custos ao meio ambiente. A China se transformou na "fábrica mundial" ao garantir ao mercado global acesso à mão de obra abundante e recursos naturais sem compromisso com a natureza ou populações locais. No início dos anos 2000, estudos revelaram a existência de 459 "vilas de câncer" - pequenos vilarejos sempre próximos a zonas de desenvolvimento, onde a terra é a hospedeira e os alimentos e a água, o veneno.
As "vilas de câncer" existem oficialmente em 29 das 31 províncias mandarins (Tibet e Qinhai não apresentam casos, devido à pequena população e aos baixos níveis de poluição). Elas são consequências da reforma da China continental (que, em 1979, abriu o país ao mercado internacional) - vilarejos onde o número de pacientes com câncer é extremamente alto, em geral causado por consumo de água contaminada por químicos.
A China padece ao respirar sua revolução industrial. Nos últimos 30 anos, registros de mortes causadas por câncer de pulmão subiram 465%, tornando-se a doença que mais mata no país. Vinte e cinco por cento das mortes na China estão relacionadas ao câncer. Na zona rural, é a segunda maior causa de morte, depois de acidentes cardiovasculares, responsável por 21% das fatalidades. Nos campos, câncer de estômago, fígado, esôfago e cervical têm mais incidência do que nas cidades.
"O problema está no sistema de desenvolvimento - criado pela Inglaterra há 300 anos - que protege o ataque ao meio ambiente pelas indústrias", avalia Jonathan Watts, jornalista inglês e autor do livro Quando um Bilhão de Chineses Pulam (tradução livre).

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