sábado, 12 de maio de 2012

Morte ronda o quintal da transposição




As notícias de morte espantam a esperança no Sertão de Pernambuco. Onde se chega, o cheiro de miséria espalha-se pela terra esturricada. Vive-se de contar bicho morto, chorar o feijão perdido, esperar por uma água que não vem. No quintal do agricultor Cláudio José da Silva, 36 anos, a humilhação é maior. A vaca esquálida, de tão fraca, desistiu de comer. Bicho e homem não precisavam passar por isso. A poucos quilômetros dali, a bilionária obra da transposição do Rio São Francisco vende a promessa de um Sertão altivo, produtivo, com o qual Cláudio já cansou de sonhar. “A obra tá parada. Esse ano tá perdido de tudo. A gente veio para cá porque disseram que a transposição ia começar por aqui. Até agora, não serviu de nada”, lamenta o homem, enquanto ajeita a corda que segura o pescoço do bicho caído. Um derradeiro esforço para evitar que a morte chegue mais rápido.
Cláudio espia o futuro enfiado no atraso. O Assentamento Curralinho do Angico, a comunidade onde mora, na zona rural de Floresta, município no Sertão do São Francisco, fica próximo à Barragem de Areias, a primeira a ser inundada pelas águas do Velho Chico. O caminho para o assentamento margeia o extenso canal de concreto que permitirá o milagre da transposição. A grandiosidade da obra incompleta mais oprime que conforta. “Tanto dinheiro gasto e a gente aqui morrendo de sede”, revolta-se o agricultor. Todos os açudes da região estão secos. Os que ainda carregam uma laminha são uma armadilha fatal para os bichos. Atrás do fio de água, os animais ficam atolados no lamaçal e viram comida para os urubus.

No dia em que a equipe do JC visitou o assentamento, chegou com a notícia de mais uma baixa. “Um cavalo foi achado morto no açude de lá, hoje de manhã”, avisa, ainda no Centro da cidade, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Floresta, Elias Eugênio da Silva. Encontramos o bicho com o corpo coberto de lama e cercado de urubus. “Deve ter morrido há pouco tempo mesmo”, confirma o sindicalista. Em torno do açude quase seco, as aves pretas faziam nova vigília, à espera de mais uma presa. A fome e a sede dizimaram o rebanho. “Floresta possuía cerca de 250 mil caprinos e ovinos. Com os dois anos de estiagem, esse número foi reduzido à metade”, contabiliza o presidente do sindicato.
SOM POR FARELO - Para quem vive de quase nada, manter em pé os poucos animais que ainda resistem é desesperador. Maria de Fátima Gomes, 57, chegou ao extremo. Vendeu geladeira, aparelho de som. Trocou tudo por farelo. O saco com 50 quilos de ração custa R$ 60 e o fiado no armazém já passava dos R$ 2 mil. “Só podia pegar mais ração, se pagasse. Em casa, só ficaram as camas. Era isso ou ver os bichos se acabarem de vez.” Maria de Fátima mora no Riacho do Ouro, uma das áreas de Floresta mais castigadas. O vizinho dela, o agricultor Manoel Afonso dos Santos, diz que nos seus 82 anos de vida nunca viu seca tão braba. Para espantar o fedor de mais uma vaca morta, teve que queimar o bicho, largado na beira da estrada. Na barriga da vaca, tinha até saco plástico e resto de roupa. O desespero do homem é o mesmo do animal.
Embora a transposição não tenha sido pensada para matar, prioritariamente, a sede do pequeno agricultor, quem vê o sofrimento de perto não aceita a exclusão. “É onde o governo está colocando bilhões de reais. Então vamos exigir que ela traga algum benefício para os mais pobres”, diz o presidente do sindicato rural de Floresta. No fim deste mês, ele se junta a outros líderes do semiárido e vai até Brasília cobrar à presidente Dilma Rousseff a conclusão da obra gigantesca, tão secular quanto o drama da seca.
Pensada pela primeira vez no Brasil de Dom Pedro II, em 1847, a transposição se arrasta, sem fim, assim como os relatos do flagelo sertanejo. Na década de 50, custaria cerca de US$ 300 milhões. Décadas se passaram, o projeto foi refeito, ampliado, e hoje, a conta já chega a R$ 8,2 bilhões. O sociólogo Antônio Barbosa, coordenador de um dos programas da entidade Articulação para o Semiárido (ASA), que reúne ONGs que atuam na região, diz que a primeira notícia de estiagem remonta aos tempos do descobrimento do Brasil, em 1559, no território que atualmente é ocupado pelo Estado da Bahia. De lá para cá, ele afirma que já foram registradas nada menos do que 72 secas. Algumas entraram para a história como as de 1877, 1915, 1952 e, mais recentemente, a de 1982.
“Podemos dizer que a deste ano é a maior deste século, a primeira grande estiagem do período pós-ditadura. Não há desculpa para o governo não ter se preparado com ações estruturadoras, que se antecipassem ao período da estiagem”, afirma o sociólogo, numa cobrança tão antiga quanto legítima. Como as ações novamente não vieram, o cortejo da calamidade reproduz os velhos retratos de sempre. Na estrada do Sítio Boa Rama, zona rural de Bodocó, no Sertão do Araripe, a carroça carrega os baldes de água tirada do açude barrento e distante. Quem guia o cavalo é Leandro, um garoto, meio tímido meio desconfiado, de apenas 12 anos. Ele não gosta de foto. O pai, Edmilson Rodrigues de Freitas, 40, vai sentado atrás, pendurado na carroça. Pai e filho engolidos pelo monstro da seca, um flagelo que atravessou os séculos sem nunca ter sido domado.

Fonte: JC

Canal pago dos EUA tem programação 24 horas só para cães


Um novo canal pago promete entretenimento eletrônico para um público bastante segmentado: cães. O DogTV é o primeiro do gênero e exibe 24 horas por dia programação para cachorros.
A informação é do "New York Times".
Segundo os seus idealizadores, o objetivo do canal é manter o bicho estimulado, entretido e relaxado.
Os programas do canal duram entre três e seis minutos e mostram gramados, bolas quicando e humanos coçando a barriga de cães. Há também atrações mais "educativas" que mostram aspiradores de pó e campainhas em ação, porém sem o barulho, para que os espectadores aprendam a lidar com a movimentação de uma casa normal.
Dog TV
Cão assiste programa da DogTV
Cão assiste programa da DogTV
A programação, dizem os inventores, foi desenvolvida cientificamente para agradar os melhores amigos do homem.
"Pesquisamos durante três anos para saber como os cães reagem a diferentes estimulos", disse a porta-voz do canal, Bonnie Vieira.
Nem todos concordam, no entanto, que o canal canino pode ser de interesse dos bichos.
"Acho que a maior parte disso é nos fazer sentir bem, muito mais do que fazer nosso bicho de estimação feliz", ponderou a veterinária, que tem consultório em Manhattan.
"Os 'pets' precisam de exercícios adequados e de um ambiente interessante. Você não pode só colocá-lo em frente à TV e esperar que ele fiquem bem."
Em um teste de DogTV na Califórnia, animais de um abrigo --alojados em uma "ala avaliação do comportamento", por onde passam os novos residentes-- reduziram os latidos temporariamente quando tiveram acesso ao canal.
Agora, se seu cão realmente presta atenção à televisão pode ter mais a ver com a tela do que o que está nele, afirma Stanley Coren, professor de psicologia na Universidade British Columbia. Em 2007, ele criou uma série de DVDs para caninos chamado de "Companion The Dog".
A dica de Coren é posicionar a tela mais próxima possível da altura dos olhos dos cães, caso contrário, será mais difícil que ele veja o que está se passando na televisão.

terça-feira, 8 de maio de 2012


Record chama Carlinhos Cachoeira de editor-chefe da Veja






Em reportagem que foi ao ar na última edição do ‘Domingo Espetacular’, a TV Record afirmou que o contraventor Carlinhos Cachoeira escolhia o espaço e a data em que as denúncias repassadas à Veja seriam publicadas. Durante a matéria que ocupou mais de 15 minutos, a emissora televisiva define o “bicheiro” como “editor-chefe” da revista da Editora Abril, e que comemorava o resultado dos textos produzidos.

Comandada pelo jornalista Afonso Monaco, a reportagem cita o chefe da sucursal da Veja em Brasília e um dos redatores-chefes da publicação, Policarpo Junior. Foi revelado o áudio em que Cachoeira organiza o encontro do funcionário da Abril com um “rapaz” que estava na capital do País. “O Policarpo confia muito em mim, viu?”, afirma Cachoeira em outro trecho do material produzido pela Record.

A matéria da Record também afirma que o contraventor se comportava, em outra gravação, como se fosse diretor da revista. “Sabe de todos os detalhes, afirma que a reportagem não ia ser naquele final de semana, mas duas semanas para frente”, diz Monaco, em off. “Não é esse final de semana, não, tá? Vai ser umas duas semanas aí pra frente”, diz Cachoeira em gravação exibida no ‘Domingo Espetacular’.

“Cachoeira, o editor-chefe”. Ainda ao relatar que o contraventor, que está preso desde fevereiro, exerce certo controle no conteúdo da Veja, a Record mostrou o trecho da gravação em que o empresário de jogos ilegais diz para o ex-diretor da construtora Delta, Cláudio Abreu, mandar Poli/PJ (termos tidos pelo canal como apelidos de Policarpo Junior) a soltar “aquela notinha”. O “bicheiro”, segundo a reportagem da TV, escolhia a seção em que a informação seria veiculada.  

Em uma matéria, de acordo com a Record, Cachoeira pede para Abreu falar para a “notinha” ser publicada no blog ‘Radar On-line’, que é editado pelo jornalista Lauro Jardim. O contraventor também diz que se tal informação for na seção ‘Radar’, da edição impressa da Veja, seria melhor. O repórter Gustavo Ribeiro, que para a emissora de TV é "acusado" de tentar invadir o quarto de José Dirceu em um hotel de Brasília, também foi citado pela produção do ‘Domingo Espetacular’. 

Até o início da noite desta segunda-feira, 7, a direção da Veja não comentou a reportagem da TV Record que foi veiculada nesse domingo, 6. Desde que foi divulgado que trocou mais de 200 telefonemas com Carlinhos Cachoeira, o jornalista Policarpo Junior não concede entrevistas e nem se pronuncia por meio da publicação em que trabalha.



Fonte: Comunique-se